sábado, 28 de abril de 2012

O Tigre - William Blake



Tigre, tigre que flamejas
Nas florestas da noite.
Que mão que olho imortal
Se atreveu a plasmar tua terrível simetria ?

Em que longínquo abismo, em que remotos céus
Ardeu o fogo de teus olhos ?
Sobre que asas se atreveu a ascender ?
Que mão teve a ousadia de capturá-lo ?
Que espada, que astúcia foi capaz de urdir
As fibras do teu coração ?

E quando teu coração começou a bater,
Que mão, que espantosos pés
Puderam arrancar-te da profunda caverna,
Para trazer-te aqui ?
Que martelo te forjou ? Que cadeia ?
Que bigorna te bateu ? Que poderosa mordaça
Pôde conter teus pavorosos terrores ?

Quando os astros lançaram os seus dardos,
E regaram de lágrimas os céus,
Sorriu Ele ao ver sua criação ?
Quem deu vida ao cordeiro também te criou ?

Tigre, tigre, que flamejas
Nas florestas da noite.
Que mão, que olho imortal
Se atreveu a plasmar tua terrível simetria?


Analisando tal poema, podemos tirar várias conclusões, uma delas seria que segundo William Blake, Deus fez o cordeiro, mas também fez o tigre, deste modo, não há luz sem escuridão, não há vida sem morte. Blake dizia que seu trabalho envolvia muitas visões religiosas e não era comum retratar assuntos do dia-a-dia. William Blake cinco anos após a produção de O Tigre fez o poema O Cordeiro. Pode-se dizer que ambos os textos se complementam pelo fato de que em o O Cordeiro, é mencionado a inocência criada por Deus fazendo parte da natureza, em O Tigre temos a criação da maldade e a inserção dela na natureza.

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