
E os meus passos, quem é que pode ouvi-los?
Dorme o teu sono sossegado e puro,
Com teus lampiões, com teus jardins tranquilos...
Dorme...Não há ladrões, eu te asseguro...
Nem guardas para acaso persegui-los...
Na noite alta, como sobre um muro,
As estrelinhas cantam como grilos...
O vento está dormindo na calçada,
O vento enovelou-se como um cão...
Dorme ruazinha... Não há nada...
Só os meus passos... Mas tão leves são
Que até parecem, pela madrugada,
Os da minha futura assombração...
(Mário Quintana)
Particularmente quando leio este poema, me vem na mente a imagem desta rua a qual o eu lírico se refere, o simples pensamento já traz uma paz interior. Nós estamos acostumados com a imagem das grandes cidades, do movimento, da pressa, do exagero, da violência, tudo fruto das nossas ações. Seria tão belo se as paisagens como a descrita no poema e a maneira de vida vivida por nossos pais ainda existisse... talvez a paz estaria reinando mais nos corações de cada um de nós. "Dorme... Não há ladrões, eu te asseguro...", não havia a preocupação de a qualquer momento alguém entrar na sua casa e roubar seus pertences, por outro lado, hoje as casas parecem prisões com muros altos, cercas elétricas, etc. E ainda há o fato da serenidade da rua, coisa que atualmente foi perdido, não há mais sossego, depois de um dia cansativo de trabalho ou estudo, muitos querem dormir cedo porém são perturbados por vândalos escandalizando pelas ruas e carros com som no último volume com uma música repugnante. Sim a situação de hoje em dia é algo deplorável, mas para o nosso conforto porque não ler um poema e se imaginar na calma e doce Rua dos Cataventos...? "Dorme, ruazinha...É tudo escuro..."
Nenhum comentário:
Postar um comentário